segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Carta à amada

                                                                    Índia, 14 de Fevereiro de 1554
Querida Amada:
Escrevo esta carta a vossa senhoria, neste dia tão especial para ambos, pois mesmo estando longe não me podia esquecer de vós. Espero que também vos tenhais lembrado de mim e dos momentos que passámos juntos.
Tenho pena que a época em que vivemos seja complicada para sobreviver; temos que lutar. Se isto fosse diferente, acreditai que estaria ao vosso lado, pois fazeis-me muita falta.
Ainda me lembro do dia em que o Padre Valentim nos uniu, vós estaveis tão linda!  Lembro-me desse dia como se tivesse sido ontem. Sempre tive a certeza que escolhi a mulher certa. Desejo assim que a minha carta vos encontre para que possais recordar todos os bons momentos por que passámos.

                                 Com amor profundo e eterno
                                                          Luís Vaz de Camões

P.S.  Junto envio um dos meus poemas onde retrato o amor.
 
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?


2 comentários:

  1. E sabe sempre bem recordar Camões desta forma. Gostei da frase inspirada "...em que o Padre Valentim...".

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  2. Esta carta está muito bem elaboprada, têm aqui um belo trabalho, espero continuar a ver trabalhos assim, porque com trabalhos destes até dá vontade de aprender mais sobre Camões.

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