segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Página de um diário

Querido diário:
Hoje acordei com um pressentimento de que vou descobrir algo. Estou farto de não fazer nada.
Quero viver novas aventuras, fazer novas amizades, já que tenho de viver o meu amor à distância.
Espero que hoje seja um dia magnífico, um dia de novas descobertas, quem sabe hoje não aconteça algo que eu deseje ou até mesmo algo que me surpreenda.
Passar por tantos obstáculos fez com que aprendesse que a vida não é um mar de rosas. Esta fome está a dar cabo de mim, as doenças e os problemas que acontecem a bordo têm destruído a minha criatividade.
Espero descobrir um sítio onde possamos descansar um pouco e ter uma boa refeição, coisa que já não tenho há muito tempo.
Acabei de sentir uma pequena turbulência. Tenho de ir ver o que se passa.
Até logo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Carta à amada

                                                                    Índia, 14 de Fevereiro de 1554
Querida Amada:
Escrevo esta carta a vossa senhoria, neste dia tão especial para ambos, pois mesmo estando longe não me podia esquecer de vós. Espero que também vos tenhais lembrado de mim e dos momentos que passámos juntos.
Tenho pena que a época em que vivemos seja complicada para sobreviver; temos que lutar. Se isto fosse diferente, acreditai que estaria ao vosso lado, pois fazeis-me muita falta.
Ainda me lembro do dia em que o Padre Valentim nos uniu, vós estaveis tão linda!  Lembro-me desse dia como se tivesse sido ontem. Sempre tive a certeza que escolhi a mulher certa. Desejo assim que a minha carta vos encontre para que possais recordar todos os bons momentos por que passámos.

                                 Com amor profundo e eterno
                                                          Luís Vaz de Camões

P.S.  Junto envio um dos meus poemas onde retrato o amor.
 
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Autobiografia


O meu nome é Luís Vaz de Camões, o meu pai é Simão Vaz de Camões e a minha mãe Ana de Sá. Nasci por volta de 1524-1525, em Lisboa (desculpem não saber a data, pois a minha memória já não é o que era).
Pertenço à Pequena Nobreza, mas isso não significa que tenha muito dinheiro ou uma vida luxuosa.
Estudei em Coimbra, é graças a essa cidade que tenho um vasto conhecimento e cultura.
Entre os anos de 1549-1551 quis aventurar-me e participei numa expedição militar ao Norte de África. Sinceramente, se o tempo voltasse atrás, não sei se me aventurava, pois foi nesta expedição que perdi o meu olho direito.
Após este incidente, voltei a Lisboa e comecei a relacionar-me com os Fidalgos e com as Damas da Corte mas, mesmo assim, a minha vida não estava muito bem a nível financeiro.
Agora vou contar-vos outra parte triste da minha vida. Em 1552, se não me falha a memória, feri o arrieiro do rei, Gonçalo Borges. Fui preso durante uns tempos, mas saí em liberdade após o perdão do Gonçalo Borges e do rei.
Logo a seguir a este desentendimento, fui para a Índia e prestei serviço militar durante 3 anos, até cheguei a desempenhar alguns cargos administrativos.
Para minha grande tristeza voltei a ser preso, desta vez por não pagar as minhas dívidas.
Quando fui libertado fui a Macau e, já de regresso à Índia sofri um naufrágio, onde só consegui salvar o meu manuscrito d’ Os Lusíadas.
Voltei para Portugal em 1570. Em 1572, uma data muito importante para mim, Os Lusíadas foram publicados.
Agora, a minha vida continua a mesma, uma vida miserável. Até estou um pouco preocupado, pois neste ano (1580) sinto-me muito cansado, tenho medo que a minha hora esteja a aproximar-se.